A tuberculose pulmonar é uma enfermidade causada pelo Mycobacterium tuberculosis, que na maioria dos casos, atinge o pulmão, podendo deixar graves sequelas.
Trata-se de uma doença endêmica no Brasil, ou seja, ocorrem muitos casos de forma que se torna difícil erradicá-la. Isso ocorre por vários motivos, sendo o principal fator, a doença apresentar sintomas leves, mesmo que em fase de transmissão. Assim, quando encontramos um paciente com tosse, ele já transmitiu a doença para outras pessoas.
Para os gestores de saúde, a tuberculose é um problema nacional. As estratégias para combate à doença combinam elementos de diagnóstico precoce, tratamento acessível, aderência do uso correto das medicações, vacinas e reabilitação dos pacientes com cicatrizes.
Para ajudar a compreender melhor a tuberculose pulmonar, separamos as principais dúvidas dos pacientes sobre essa doença. Confira:
A infecção pelo agente da tuberculose ocorre por aerossóis, ou seja, através da dispersão de gotas microscópicas produzidas pelas vias aéreas de uma pessoa contaminada e pela inalação dessas partículas por outra pessoa.
Via de regra, a micobactéria da tuberculose necessita de um contato próximo e contínuo entre as pessoas, como pessoas que residem na mesma casa, estudantes da mesma sala, profissionais que trabalham no mesmo posto, presidiários que dividem a mesma cela, soldados que dormem no mesmo alojamento, entre outros.
A micobactéria é uma divisão específica da microbiologia para designar um grupo de bactérias que possuem características que se assemelham ao crescimento de fungos em superfícies. Nesse grupo, as micobactérias que causam doenças em seres-humanos que merecem destaque são o Mycobaterium tuberculosis, causador da tuberculose e o Mycobacterium leprae, causador da hanseníase.
Os sintomas clássicos da tuberculose são tosse por mais de 3 semanas, febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento. Todo paciente com tosse por mais de 3 semanas deve ser testado para tuberculose.
Quando utilizamos o termo “febre vespertina”, refere-se a um padrão de febre que ocorre no final da tarde até o início da noite. Com relação à sudorese, os pacientes com tuberculose ativa mostram um padrão de transpiração muito intenso durante a madrugada, com necessidade de troca de pijama e roupa de cama por estarem molhadas de tanto suor. O emagrecimento é um marco da doença, que ocorre de maneira tão sutil que muitas pessoas não percebem.
Vale lembrar que esses sintomas são comuns ao linfoma, doença cancerosa com origem nos gânglios linfáticos. Por isso, um médico sempre deve ser consultado para avaliação de cada caso.
O órgão chave de acometimento da tuberculose pulmonar é o pulmão. Após a infecção, pode ocorrer disseminação para qualquer outro órgão do corpo.
Porém, mais da metade dos casos são pulmonares e, dos que não são, 25% são de acometimento da pleura, que é a pele que recobre os pulmões. Outros órgãos-alvo da tuberculose são gânglios linfáticos, cavidade abdominal, ossos, sistema nervoso central e sistema urinário.
O tratamento da tuberculose pulmonar se dá por meio de comprimidos, sendo realizado no período de 6 meses. Ele é 100% centralizado no SUS, ou seja, os comprimidos não são comercializados em clínicas, farmácias ou hospitais. O governo disponibiliza os medicamentos de forma gratuita.
Geralmente, as medicações precisam de monitorização devido aos efeitos colaterais. Os mais comuns incluem alterações hepáticas, em nervos e acuidade auditiva.
Em condições especiais, o tempo de tratamento pode ser estendido e pode haver mudança nos tipos de antibióticos.
Sim, o tratamento em São José dos Campos ocorre no Centro de Tisiologia e Prevenção (CTP), que é um órgão público, vinculado com a Secretaria de Saúde. Lá existe não somente o tratamento para Mycobacterium tuberculosis, mas também para outras espécies de Mycobacterium com acometimento pulmonar e também tratamento para espécies com resistência a drogas.
Os pacientes podem passar em consultas com especialistas para avaliação, reavaliação, diagnóstico e para tirarem dúvidas sobre a tuberculose. Porém, o Estado controla a distribuição das medicações para a enfermidade com o objetivo de centralizar políticas de combate à doença.
O exame mais prático, barato e rápido é o teste de escarro. Isso consiste em um paciente escarrar em um frasco de exame e o laboratório avaliar se há presença da micobactéria. O material pode ser testado por meio de pesquisa direta, cultura ou teste molecular. O teste está indicado para suspeita de tuberculose pulmonar, de boca, garganta e de nariz.
Caso o teste de escarro seja negativo, mas a suspeita de tuberculose ainda persistir, pode-se solicitar tomografia de tórax, broncoscopia e biópsias cirúrgicas. A tuberculose pode acometer outros órgãos e, nestes casos, geralmente os exames confirmatórios incluem punções (por agulha) e biópsia mediante procedimentos cirúrgicos.
A tuberculose pulmonar é uma doença muito grave, se dissemina para outros órgãos e ainda pode deixar graves sequelas, como bronquiectasias, fibroses, nódulos e pulmões dobrados (encarcerados). Estas complicações, por sua vez, aumentam a chance de infecções oportunistas, tosse com sangue, exacerbações respiratórias e pneumonia.
A tuberculose mata aproximadamente 5 mil pessoas por ano no Brasil e 1,5 milhões ao redor do mundo. Por isso, é importante nos primeiros sinais procurar a orientação de um médico para o início do tratamento.
Referências:
Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil. MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. 2019
Sunnetcioglu A, Sunnetcioglu M, Binici I, Baran AI, Karahocagil MK, Saydan MR. Comparative analysis of pulmonary and extrapulmonary tuberculosis of 411 cases. Ann Clin Microbiol Antimicrob. 2015;14:34. Published 2015 Jun 24. doi:10.1186/s12941-015-0092-2