A pneumonite de hipersensibilidade crônica, ou PH crônica como também é conhecida, é uma doença pulmonar fibrosante muito comum no Brasil, que corresponde a cerca de 80% dos casos de fibroses pulmonares. Estima-se que cerca de dez mil brasileiros sofram deste mal, que pode ser extremamente incapacitante.
Para que se possa compreender mais sobre essa doença, compilamos os principais questionamentos sobre enfermidade, como suas causas, tratamento e evolução.
Ambos os termos se referem à inflamação dos alvéolos e dos brônquios, nos pulmões. Contudo, o termo “pneumonia” está atrelado às causas infecciosas enquanto “pneumonite”, às químicas.
A pneumonite de hipersensibilidade é o fenômeno inflamatório pulmonar que decorre da inalação de partículas nocivas. Apesar de haver descrição de mais de 200 tipos de elementos orgânicos que desencadeiam a doença, a grande maioria dos casos estão relacionados à exposição às penas de pássaros e ao mofo. Ela pode se apresentar de forma aguda (horas após a exposição) ou de forma crônica (após meses e anos de exposição). A forma crônica geralmente se manifesta como fibrose pulmonar.
Esse padrão imunológico de doença é bem diferente das manifestações alérgicas, como rinite e asma. Estas últimas costumam ser bem mais brandas e reversíveis que a pneumonite por hipersensibilidade.
O termo fibrose pulmonar considera qualquer doença pulmonar que leva à fibrose. Nesse termo, são incluídas pneumonite de hipersensibilidade crônica, fibrose pulmonar idiopática, fibrose por doenças autoimunes (Artrite Reumatoide, Doença de Sjögren, Esclerose Sistêmica e Síndromes Antisintetase) e também doenças ocupacionais (Asbestose, Silicoses, entre outros).
A causa da pneumonite de hipersensibilidade crônica, na maioria dos casos, é a exposição às penas de pássaros e ao mofo dentro de casa ou no trabalho. Há algumas teorias que tentam explicar o fenômeno de fibrose pulmonar pela PH crônica.
As mais aceitas contemplam que algumas pessoas manifestam uma reação imunológica anormal a alguns antígenos orgânicos e que, nessa resposta inflamatória, ocorre fibrose pulmonar ao longo dos meses e/ou anos.
Sabe-se que, felizmente, apenas uma minoria das pessoas expostas a esses fatores apresenta esse padrão inflamatório anômalo.
Os sintomas de pneumonite de hipersensibilidade crônica são semelhantes a de outras fibroses pulmonares, que incluem tosse, falta de ar ao exercício e dores torácicas. Esses sintomas vão se agravando e tendem a ficar mais pronunciados ao longo das semanas e dos meses, podendo chegar a limitar as atividades físicas e se manifestarem até mesmo ao tomar banho.
Além de realizar um histórico minucioso de exposição ao mofo e às penas de aves, o médico pode solicitar prova de função pulmonar, tomografia de tórax e exames de sangue com ênfase em doenças autoimunes.
Caso a hipótese não fique clara, o médico pode solicitar uma broncoscopia com lavado broncoalveolar com ou sem biópsia pulmonar. Além disso, outras modalidades de biópsia pulmonar podem ser solicitadas, como biópsia guiadas por tomografia ou biópsia pulmonar em centro cirúrgico.
O ponto fundamental do tratamento da pneumonite de hipersensibilidade crônica é o reconhecimento dos cômodos e ambientes em que há mofo e penas de pássaros. Assim, é possível traçar planos para combater esses elementos ou se desfazer de animais de estimação.
O tratamento medicamentoso é composto basicamente por corticosteroides orais. Outras drogas das classes dos imunossupressores, podem ser usadas para diminuir a dose e toxicidade dos corticosteroides. Em alguns casos, medicações orais antifibróticas podem ser prescritas, apesar de que o alto custo pode ser um desafio.
Além disso, em caso de doenças avançadas, deve-se lembrar da indicação correta de oxigênio suplementar e fisioterapia respiratória. Por fim, é muito importante atualizar o calendário vacinal desses pacientes, principalmente para doenças respiratórias, como COVID, Influenza e pneumonia.
A doença tem amplo perfil de evolução é imprevisível saber qual paciente terá evolução para fibrose progressiva e quem terá doença estável. Apesar das incertezas, sabe-se que as principais variáveis negativas são: idade avançada, função pulmonar com capacidade muito reduzida (exame de espirometria) e fibrose muito extensa à tomografia de tórax.
As complicações mais graves da doença incluem falta de ar muito incapacitante, como caminhar dentro de casa, necessidade de suplementação de oxigênio por cateter, pneumonias e exacerbações respiratórias.
Referências bibliográficas: