Um dos avanços da medicina e da pneumologia foi a pluralização da tomografia de tórax. Os novos tomógrafos apresentam menos radiação, são mais baratos e estão disponíveis a preços mais acessíveis; mesmo para hospitais pequenos. Assim, há um ganho na qualidade das imagens e dos diagnósticos para quase todas as especialidades médicas. Logo, com mais frequência, achamos nódulos pulmonares em pacientes submetidos à tomografia de tórax.
A tomografia de tórax pode ser solicitada para pesquisa de câncer de pulmão, mas também para pacientes que apresentam sintomas respiratórios como tosse, falta de ar, dores torácicas e os nódulos são encontrados por acaso.
Diante de um laudo de tomografia com essa descrição, a primeira doença que vem à cabeça é o câncer de pulmão. Isso está correto?
Nódulos pulmonares é normal ou é anormal?
Os nódulos pulmonares são entidades bastante frequentes na radiologia torácica e a grande maioria dos nódulos não são malignos. Estima-se que cerca de 20% das tomografias de tórax apresentam pelo menos um nódulo pulmonar e destes, pelo menos 50% apresentam claros sinais de benignidade na primeira avaliação tomográfica ¹.
Qual nódulo no pulmão pode ser câncer?
O pneumologista analisa se um nódulo tem baixa, média ou alta probabilidade de ser câncer de pulmão. Ele faz isso através, basicamente, das características radiológicas, ou seja, da imagem da tomografia do nódulo. Os elementos que conferem alta probabilidade de câncer de pulmão são tamanhos maiores que 20 mm, bordas no nódulo mal definida e espiculados, calcificação heterogênea, e crescimento do tumor em sequência de tomografia².
Ainda, o médico pode concluir que a lesão tem característica intermediária para câncer de pulmão e, para tal, deve-se repetir as tomografias para avaliar se, na próxima tomografia, houve estabilidade ou aumento do nódulo. Neste último caso, há mais um indício de malignidade.
Via de regra, nódulos pulmonares menores que 6 mm são de baixo risco para câncer de pulmão e não necessitam de avaliação adicional³.
E se o nódulo no pulmão for calcificado? Que diferença isso tem com o não calcificado?
O fato de um nódulo ser calcificado, pode sugerir que se trata de um nódulo de origem infecciosa e que essa infecção ocorreu há muito tempo, ou seja, 5, 10, 15, 20 anos atrás ou mais. Trata-se de um nódulo benigno, desde que a calcificação esteja de forma homogênea e em todo o volume do nódulo. Por outro lado, existem, sim, alguns nódulos pulmonares malignos que podem apresentar padrões diversos de calcificação.
Há nódulos, porém, que não apresentam nenhuma calcificação. Com isso, perde-se esse parâmetro e temos que recorrer a outras ferramentas para estimar a probabilidade dele ser maligno ou benigno, como tamanho, bordas, crescimento do nódulo, lesões associadas, etc.
O que é um nódulo benigno no pulmão? E maligno?
Nódulo benigno é um grupo de doenças que se manifestam radiologicamente de forma semelhante no pulmão e se diferenciam do câncer. Os diagnósticos relacionados a nódulos pulmonares benignos mais frequentes são: tumores benignos (hamartomas, lipomas, leiomiomas, etc.), nódulos por infecção prévia ou em curso (tuberculose, Histoplasmose, pneumonias, etc.), por doenças autoimunes (artrite reumatóide), entre outros.
Nódulos pulmonares malignos incluem as neoplasias (câncer), que se iniciam no pulmão ou que são de outros órgãos com metástase pro pulmão.
Os nódulos pulmonares precisam de tratamento?
Geralmente, os nódulos benignos não precisam de tratamento. Os nódulos malignos têm indicação de prosseguir com outros passos diagnósticos, como procedimentos invasivos para obter biópsia. Em caso de confirmação de hipótese de câncer, deverá ser realizado uma série de exames para avaliar o grau de disseminação da doença para propor o tratamento.
Como se investiga um nódulo pulmonar?
O médico pneumologista, ao se deparar com uma tomografia de tórax, estima a probabilidade do nódulo ser maligno. Grosseiramente, pode-se dividir em baixo, médio ou alto risco de câncer. Se após a análise, a probabilidade for baixa, o médico passa as orientações e não prossegue com outros exames.
Se a probabilidade for média, pode-se realizar vigilância tomográfica com novas tomografias. O tempo entre cada tomografia pode variar a cada 1, 3, 6 ou 12 meses4.
Se a probabilidade for alta, o (a) paciente tem indicação de prosseguir com novos exames para confirmar o diagnóstico. São necessárias biópsias do nódulo, ou seja, retirada de material pulmonar para avaliação em laboratório de patologia. Essa retirada é realizada através de procedimentos cirúrgicos, como broncoscopia, toracoscopia, videotoracoscopia, biópsias guiadas por tomografia e por ultrassonografia.
Bibliografia: